Pacataca 2019

     A intenção desse blog, a principio, era para comentar sobre o aprendizado que adquirir em sala de aula e compartilha-lo aqui depois, porém, como todos sabem, quando se trata de universidade, você pode aprender várias coisas relevantes até mesmo fora de sala. O projeto de teatro bilíngue Pacataca foi um grande exemplo disso e contarei o porquê nos próximos parágrafos.
     O Pacataca nasceu da ideia de proporcionar aos participantes oportunidades para praticar a língua inglesa através do teatro e desde então, durante 4 anos, vários espetáculos surgiram a partir dessa ideia. Curioso avaliar que esse projeto está carregado pela estratégia indireta de aprendizagem, a social (Oxford, 1990), justamente porque vários falantes da língua inglesa se reúnem para construir diálogos e praticar a língua através das interações com os participantes do projeto proporcionadas pelos ensaios do teatro.
     Eu pude participar do ano passado e a experiência que tive foi excepcional, mal sabia eu que esse ano voltaria para o projeto, porém como coordenador. Foi ai que começou meu medo, pois não sou um profissional das artes cênicas e apesar de ter participado a minha adolescência toda nos teatros de igrejas e no próprio Pacataca em 2018 eu me sentia um tanto incapaz de assumir esse projeto, mas  teve um momento no qual li num site uma frase de Esopo, um grande escritor da Grécia antiga, que dizia: "ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar", então criei forças e percebi que eu tinha algo de teatro para passar mesmo que pouco e o que eu não sabia, com certeza, aprenderia com alguém do grupo. Então, prosseguir com a ideia. Junto com alguns amigos: Yasmim, Matheus e Bruno demos início aos preparativos para os encontros. Todos nós estávamos coordenando pela primeira vez, então o frio na barriga passava por nós três. A nossa experiência era baseada na nossa participação do ano passado como elenco e com muita coragem decidimos assumir a liderança desse ano, visto que se não fosse isso, o projeto seria engavetado e não queríamos isso, uma vez que já sabíamos como o projeto é importante. 
     A nossa primeira preocupação era se alguém iria se matricular e por isso fomos nas salas dos alunos de licenciatura em língua inglesa, tanto nas dos calouros quanto nas dos veteranos para realizar a divulgação pessoalmente, também o fizemos na internet com alguns posts nas mídias sociais, mas ainda assim estávamos receosos. Até que no primeiro encontro, para nossa surpresa, apareceu bastante gente que a sala da BA³ (Base de Apoio à Aprendizagem Autônoma) parecia não caber todo mundo e a nossa preocupação começou a ser outra: qual peça teria tanto personagem para tanta gente? Mas, no fim, alguns naturalmente foram desistindo e ficou somente o elenco final. Darwin já falava sobre a seleção natural, não é mesmo? e por votação decidimos apresentar "The Addams Family", justamente porque o espetáculo seria em outubro e próximo ao halloween.
     Tivemos as audições para ver quem seria quem na peça e nesse dia cada participante teve um gostinho do que seria a peça final. Todos estavam super nervosos e ainda alguns vieram caracterizados, foi lindo de ver que tínhamos um elenco empenhado. A Yasmim e eu decidimos ficar de fora do elenco justamente para ficarmos na direção e no roteiro respectivamente, para poder ter um controle melhor dos ensaios, os outros dois coordenadores: Matheus e Bruno, ficaram no cenário e áudio respectivamente, porém, ainda integraram o elenco. O dia das audições foi um tanto interessante de fazer com a Yasmim, pois 3 pessoas queriam o papel da Mortícia; dois, o do Gomez; dois, o da Alice e dois, o do Pugsley. Tínhamos que analisar muito bem cada atuação e o inglês para ver qual era a que mais tinha a ver com o personagem e no fim distribuir muito bem cada um. Teve tretas? Teve! Pois, alguns claramente não conseguiram o papel que queriam e rolou uns desentendimentos, outros queriam até sair da peça por conta disso. Houve bastante estresse, mas com bastante jogo de cintura que tivemos, conseguimos contornar a situação e no fim tudo ficou bem, pois, segundo Harry Truman, um dos ex-presidentes dos Estados Unidos, a liderança é a capacidade de conseguir que as pessoas façam o que não querem fazer e gostem de fazer.
     Ressalto um dos impasses que tivemos durante os ensaios, pois a BA³ é um espaço pequeno e não cabia nossos ensaios, não havia salas disponíveis no ILC (Instituto de Letras e Comunicação), a sala que solicitamos no Mirante do Rio só nos foi dada duas vezes e com muita demora. Então ficamos pulando de bloco em bloco para ensaiar, ou melhor, nas calçadas dos blocos e muitas vezes chovia e outras vezes as formigas atacavam, parte do elenco disponibilizou sua residencia também para ensaiarmos e assim nos viramos. 
     Mas, foi durante os ensaios que pudemos notar que o elenco estava empenhado e queria que o projeto acontecesse de verdade, todos estavam dispostos a se locomover para onde desse e ensaiar da melhor forma possível, mesmo sob esses intempéries e dificuldades, além disso a vontade de aprender sempre esteve neles, já que eles aceitavam as correções sem titubear, pois ora ou outra cometiam um deslize, tanto no que se refere a pronúncia da língua inglesa quanto nos contextos cênicos, como: posição de cena, esquecimento de falas, entrar em cena ou sair antes da hora e etc, e a Yasmim e eu sempre "puxando a orelha" deles. Alguns ainda contribuíam em experiencias com os demais dando concelhos e toques, então tudo foi uma troca de conhecimento que cada um foi passando ao outro,  e isso criou vínculos entre todos e fez o espetáculo criar corpo, tudo isso é muito válido, pois segundo Paulo Freire: quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. 
      É importante mencionar os nossos ensaios de dança que tivemos e os de canto também, pois ao escolhermos o roteiro, um dos impasses eram justamente a dança e o canto e essas partes ficariam de fora do roteiro se não fosse o elenco querer assumir essas responsabilidades. Por isso, tive que aprender a dança do espetáculo, criar alguns passos mais acessíveis e então ensina-los, quanto às músicas tivemos que passar vários ensaios pra que todos pegassem o time  da entrada e da saída dos refrões.  No inicio foi bem difícil sincronizar os passos e harmonizar as vozes, uma vez que ninguém que estava no projeto era profissional dessas áreas, entretanto ninguém desistiu, pois a persistência é o caminho do êxito, já dizia Charlie Chaplin, e por isso com muito ensaio conseguimos ótimos resultados.
     Vale mencionar que o ensaio no teatro era uma das coisas que mais queríamos justamente pelo fato de que era necessário conhecer o espaço real do palco e nos foi dado 2 sábados (20 e 27). O sábado do dia 20 não conseguimos passar todo o ensaio pois só nos foi dado 2 horas, e o dia do espetáculo foi um caso aparte (27), pois parecia que a nossa paciência estava sendo testada ao máximo, pois o CCBEU não disponibilizou o teatro pela parte da manhã, apenas após às 14h. Essa noticia nos foi dada um dia antes do dia do espetáculo, e isso "cortou nossas pernas" pois pretendíamos passar o ensaio geral pela manhã, , entretanto, nos restou apenas 4 horas para montar o cenário, montar o figurino e fazer as maquiagens de 12 pessoas. Terminamos bem encima da hora e não deu de passarmos o ultimo ensaio como tínhamos previsto. Além de tudo isso, o CCBEU só poderia ligar o ar condicionado depois das 17h então até esse horário ficamos no calor. Augusto Cury em um de seus livros disse que passar por problemas, lutas e dores, faz parte da caminhada, mas é você que decide se vai vencê-los ou deixar eles vencerem você. Por isso nos mantivemos confiante e não deixamos aqueles problemas nos abalar.
     Quando deu o horário, às 18:00, e o público começou a chegar o nervosismo começou a aumentar e era o elenco correndo pra lá e pra cá, nervosos, lendo e relendo as falas, indo ao banheiro. Era uma confusão. Eu mesmo estava aflito, mesmo não fazendo parte do elenco, sentia como se estivesse e não parava de suar, minhas mãos super frias e tremendo (isso até me atrapalhou um pouco na hora de soltar alguns sons durante a peça), porém, um fato aconteceu e isso nos deixou mais calmos: dois dos coordenadores dos anos passados foram ao backstage para nos dizer palavras de incentivo e nos acalmar, foi tão lindo esse momento porque era como se eles estivessem passando o bastão para nós e colocando em nossas mãos aquilo que eles vinhando realizando há um tempo e isso me lembrou de uma frase de Émile Durkheim que diz: a educação é uma socialização da jovem geração pela geração adulta.  Agora era com a gente, o legado do projeto estava sobre nossas capacidades, sobre a nova geração do pacataca. Ahh!! Foi tão boa e revigorante essa horinha que tivemos atrás das cortinas.
     Meia hora depois, quando o espetáculo começou de fato e a peça iniciou fiquei muito emocionado, porque vi o elenco impecável, todos demonstrando segurança, falando bem e cada um se destacando no seu próprio personagem. Havia pessoas que estavam encenando e testando o inglês num teatro pela primeira vez, mas entrou em cena com tanta vontade de acertar e encenar que pareceu que já fazia tudo isso há anos. A parte da dança e a do canto foram incríveis também, não tínhamos cantores e nem dançarinos profissionais, mas tínhamos pessoas dedicadas no elenco e isso fez toda a diferença. Notei que o inglês de todos estava muito bem desenvolvido em cena, com as devidas entonações, além do corpo certo, posição em cena, tudo com muita beleza. Nesse ano tivemos um elenco grande e com grandes pessoas que devem sim se sentir muito orgulhosas de si mesmas, pois entregaram um bom trabalho. Deixo aqui o meu enorme obrigado a todos eles que toparam essa aventura e não desistiram durante o caminho. Creio que todos que fizeram parte desse projeto aprenderam alguma lição importante tanto para o cotidiano quando para a futura carreira profissional, seja ela qual for. Pois: coragem, força de vontade, sair da zona de conforto, inglês melhorado, saber aceitar críticas, passar por problemas e saber resolvê-los, são coisas que aprendemos durante esses meses e que farão a diferença na vida de cada um de nós. Parabéns time Pacataca e se Deus quiser até o ano que vem!

"Mesmo desacreditado e ignorado por todos, não posso desistir, pois para mim, vencer é nunca desistir - Albert Einstein"

Logo abaixo estão descritos os depoimentos do elenco sobre a experiencia com projeto:

Yasmim Ramos (Coordenadora e Diretora)
"Trabalhar como coordenadora e diretora do grupo Pacataca foi uma oportunidade incrível e única que tive o prazer de ter esse ano. Eu amei as aulas que tive com os membros do projeto e sinto que o resultado no final, o espetáculo, foi muito gratificante para mim e para os alunos.
O processo para a criação do espetáculo foi muito árduo e tivemos muitas complicações no caminho, mas no fim valeu muito a pena, o resultado foi mais do que o esperado, foi maravilhoso."

Matheus Siqueira (Pugsley Addams e Coordenador)
"Participar do Pacataca esse ano foi uma experiência repleta de vários sentimentos, uma verdadeira montanha russa! Fui do medo à realização total. Esse ano foi totalmente diferente do ano passado, pois no ano anterior me considerava um "café com leite", achei que não daria conta de ser um coordenador e parte do elenco, entretanto, venci meu medo e fui! O resultado final foi mais do que o esperado, me senti totalmente orgulhoso de minha desenvoltura e de meus colegas de grupo, foi uma experiência transformadora."

Bruno Costa (Mal Beineke e Coordenador)
"O projeto me possibilitou vivenciar uma experiência diferente do ano anterior. A gente trabalhou um roteiro com temática mais sombria, em que eu pude aprender vocabulários novos. Além disso, ele me possibilitou interpretar um personagem com personalidade completamente diferente da minha e ainda tive a minha primeira experiência como coordenador."

Verena Maia (Wednesday Addams)
"O Pacataca foi muito importante pra mim, porque me tirou da zona de conforto, me deu todo um mundo novo de experiências e novas sensações. Vou levar esses aprendizados não só para a minha vida pessoal no sentido de encarar mais meus medos e superar obstáculos, mas também no âmbito profissional, uma vez que vai me ajudar a lidar com o público e a ser mais confiante em relação a mim mesma e as minhas atitudes"

Jenifer Braga (Conquistador Ancestor)
"Eu gostei muito de participar do Pacataca, pois mesmo eu tendo poucas falas na peça, isso ajudou o meu inglês, e os exercícios que fazíamos me ajudou a conseguir falar alto, porque eu tinha um belo problema de conseguir falar alto. Também foi muito bom a interação que nós tivemos com o grupo, eu quase não falava com a Verena, que é da minha sala, e através do Pacataca eu fiz amizade com ela e com o resto do elenco. Foi ótimo."

Eduarda Albuquerque (Grandma Addams)
"O projeto me desafiou a aprender e interpretar um personagem muito diferente de mim, eu aprendi que todos os personagens podem ser grandiosos, é só você fazer com que ele seja, com isso eu me esforcei e estudei pra dar o meu melhor. Foi uma experiência inesquecível."

Julio Santos (Fester Addams)
"A experiência foi muito gratificante, poder trabalhar em equipe e aprender inglês interagindo com os outros não tem preço. Sinto que parte da minha melhora agora é que tenho mais coragem de pronunciar meu inglês sem medo de errar."

Jaque (Lurch Addams)
"Com o grupo de teatro Pacataca tive a oportunidade de participar de uma peça pela primeira vez e o sentimento que tive quando pisei no palco com meus companheiros é muito difícil de explicar. Até um tempo atrás, o teatro era algo indiferente para mim, até o dia que assistir meus colegas apresentando "O Magico de Oz" em 2018, depois de ouvir as experiencias contada por cada um deles, pensei: por que não tentar? E ter vivenciado esse momento me tirou da zona de conforto, me trouxe temor, mas também me mostrou novas possibilidades e resultados. Aprendi que o teatro é uma aventura humana inexplicável, incomparável que deve ser experimentada, vivida e compartilhada. Certamente um aprendizado que levarei para vida."

Jeni Campos (Alice Beineke)
"O Pacataca foi um experiencia que exigiu muito comprometimento da minha parte com as demais pessoas do elenco e com a peça e exigiu uma grande responsabilidade de mim porque nós tivemos muitos ensaios que não estavam previsto então exigiu uma grande organização do meu tempo e gostaria que todos pudessem ter a oportunidade de participar de um projeto que ensina tanto"

-ensaios videos-

                                                                                           

-ensaios fotos-














                                                                       








-Vídeos de celular do espetáculo-





-fotos do espetáculo de celular-



                                     












-Fotos Profissionais by: @dcascaesph -









































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